O diário 'The Guardian' publicou um artigo esta segunda-feira 16 de janeiro, que relata a necessidade de árvores nas cidades para as tornar mais confortáveis e até habitáveis nos próximos anos de aquecimento global. Muitas cidades europeias estão hoje menos verdes, menos arborizadas do que há um século atrás. Plantar árvores nas cidades é um desafio enorme porque cimento e alcatrão são-lhes hostis; para além das inúmeras redes de infra-estruturas subterrâneas, onde está disponível, o solo é compactado, o que junto com a poluição, dificulta a sobrevivência das árvores. Este desafio é reconhecido na cidade anfitriã da conferência 'A Cidade e as Árvores'. A oradora convidada, Ana Luisa Soares, arquiteta paisagista da Universidade de Lisboa, acrescenta neste artigo que plantar uma árvore na cidade de Lisboa pode ascender a 2 mil euros em cuidados ao longo de 5 anos para garantir a sua sobrevivência em tais hostilidades. Contudo, precisamos de mais árvores, reconhece Ana Luisa Soares, que serão ainda mais vitais no futuro próximo. Se os custos de manutenção são fáceis de orçamentar, já não é igualmente fácil quantificar os benefícios proporcionados pelas árvores. E as árvores proporcionam benefícios ambientais, sociais, estéticos, económicos, e benefícios para a saúde, que não podem ser ignorados. Cálculos usando o software americano iTree sugerem que as árvores de Lisboa providenciem serviços cerca de quatro vezes superiores aos custos de manutenção! Estes serviços incluem poupança energética, sequestro de carbono, remoção de poluição atmosférica, redução de escoamento de água de tempestades... E ainda as propriedades circundantes de árvores vêm-se valorizadas.
Está em discussão uma proposta regulamentar da Comissão Europeia que exigirá que 10% da superfície de todas as cidades europeias sejam arborizadas até 2050. Tal património arbóreo exigirá uma gestão cuidada almejada pela recente Lei 59/2021, que será amplamente debatida na Conferência A Cidade e as Árvores.
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